Na região sul da Bahia, Brasil, o Fundo Ambiental Sul Baiano (FASB), o fundo de pessoas e da natureza vem transformando vidas e paisagens desde 2021. O FASB tem como foco apoiar projetos que beneficiam a Mata Atlântica e as comunidades locais, promovendo a restauração ambiental e a agricultura sustentável.
“O FASB pretende capacitar as comunidades para desenvolverem seus próprios projetos. Embora também trabalhemos com sociedades civis e proprietários de terras, o nosso principal foco é com pequenos agricultores familiares, comunidades indígenas e outros grupos tradicionais. Estas comunidades são frequentemente ignoradas por outras fontes de financiamento, mas o FASB oferece-lhes oportunidades para iniciarem ou melhorarem os seus projetos”.
Raony Palicer, Coordenador de Originação de Projetos do FASB.
Em sua essência, o FASB, se dedica a apoiar projetos locais que recuperam a Mata Atlântica e beneficiam famílias em 23 municípios da região. Seu principal objetivo é promover a restauração ambiental e a gestão sustentável da terra.
Os desenvolvedores de projetos locais podem candidatar-se ao financiamento, que segue uma abordagem simples, passo a passo. Através de um processo de candidatura competitivo, os projetos são divididos em duas fases: Fase 1 e Fase 2. Cada fase tem seus próprios níveis de financiamento, necessidades e objetivos específicos. Os projetos da Fase 1 são de menor escala e recebem € 20.000 em apoio. Se esses projetos se destacarem no primeiro ciclo de financiamento, eles podem ser promovidos para o Estágio 2, que fornece € 200.000 em financiamento. Os projetos da fase 2 são de maior escala e têm impactos ambientais e socioeconômicos significativos na região.
Agora, vamos mergulhar nas histórias de dois projetos bem sucedidos que progrediram do Estágio 1 para o Estágio 2.
Resgatando o Bem Viver: Sistema Agroflorestal (SAF) Intercalando Árvores Nativas e Frutíferas.
Localizado no Assentamento Baixa Verde, em Eunápolis, o projeto “Resgatando o Bem Viver – Sistema Agroflorestal (SAF)” é executado pela Associação Comunitária dos Produtores Rurais da Baixa Verde. O projeto tem como objetivo recuperar a biodiversidade, melhorar a saúde do solo e gerar renda para 61 famílias da comunidade. Para isso, plantam pimenta-do-reino, banana e cacau em 3,5 hectares , com planos de expansão para mais 5 hectares. Ao combinar a recuperação ambiental com a produção sustentável de alimentos, este projeto melhora a vida dos moradores e tem um impacto positivo no ambiente.
“Começamos com um sistema agroflorestal, intercalando pimenta-do-reino com mudas vivas de glericidis e outras culturas, mas percebemos que não era suficiente em nível de paisagem, então expandimos para outras áreas, mais culturas e práticas. Ao longo do trabalho, resgatamos práticas ancestrais que já eram praticadas por povos tradicionais e comunidades locais, e, com isso, reconstruímos nossa identidade como povo ribeirinho.
Revitalizamos uma nascente do Rio João de Tiba que passa pela comunidade e vimos a necessidade de agregar a recuperação da mata ciliar também nessa área. Essas mudanças estão trazendo mais vida ao ecossistema, com a presença de animais locais ou raros da Mata Atlântica.
Também estamos engajando e orientando ativamente a nova geração de jovens como guardiões do meio ambiente, enquanto os capacitamos a reconhecerem sua herança, terra e direitos pelos quais seus pais lutaram, gerando neles um sentimento de pertencimento. Isso inclui bolsas agroecológicas para formar Agentes Agroecológicos para estabelecer e operar viveiros de árvores, plantio efetivo das árvores e treinamento digital. As habilidades e conhecimentos desenvolvidos a partir dos treinamentos são cruciais não são apenas cruciais para acompanhar o progresso da restauração, mas também serão úteis para carreiras sustentáveis e para moldar uma nova geração de líderes.
Em resumo, estamos felizes com nosso progresso e ansiosos pela próxima etapa em que pretendemos desenvolver uma mata ciliar. Esperamos que nossa história inspire os outras pessoas; grandes ações começam pequenas.”
Jheyds Kann é Agricultor Familiar, Jornalista e Ativista pelo Rio João de Tiba
Restauração Florestal e Produção de Óleos Essenciais na Comunidade Quilombola de Ribeirão.
Em Alcobaça, a Associação dos Produtores Rurais da Comunidade de Ribeirão está à frete de um projeto que se visa restaurar a Mata Atlântica com espécies nativas ricas em óleos essenciais e fixos. O projeto tem como objetivo aumentar a geração de renda para agricultores familiares da Comunidade Quilombola de Ribeirão. Tendo concluído com sucesso a Etapa 1, o projeto agora está se preparando para a Etapa 2. Com 10 hectares dedicados à restauração florestal e 60 hectares para agricultura sustentável, a comunidade está animada para ver seus sonhos de revitalizar sua terra ancestral se tornarem realidade. É um verdadeiro exemplo de empreendedorismo verde em ação; mostrando como a natureza pode prosperar junto com o desenvolvimento da comunidade.
Por trás de cada projeto bem-sucedido, existem pessoas apaixonadas e comprometidas em fazer a diferença. Conheça Marilza e Osmar, integrantes da Comunidade Quilombola de Ribeirão.
“Para nós da Comunidade Quilombola de Ribeirão, fazer parte do projeto FASB é um sonho realizado. Com o apoio e os recursos oferecidos, estamos recuperando florestas nativas que produzem óleos essenciais e vegetais, honrando nosso patrimônio e valorizando nossas espécies ancestrais.
A fase inicial foi uma fase crucial, construindo confiança e demonstrando o potencial de nossa comunidade. Na Etapa 2, estamos desenvolvendo nossas atividades e em breve veremos o plantio de florestas, a extração de óleos essenciais e vegetais, a agregação de valor para a produção de sabonetes artesanais e o lançamento de nossa marca. Isso significa mais comida em nossas mesas, dignidade e uma melhor qualidade de vida para nosso povo. Queremos também que nosso impacto e aprendizados inspirem outras comunidades a trilhar esse caminho, pois entendemos que a geração de renda aliada à florestas em pé por meio de um reflorestamento bem planejado é um caminho sem volta! E que nenhuma árvore seja novamente derrubada pelo mero valor de sua madeira!”
Marilza Machado – Bióloga, Membro da Comunidade Quilombola de Ribeirão e Coordenadora do Projeto.
“O FASB trouxe esperança para nossa comunidade, unindo cinco comunidades quilombolas para fazer plantio de restauração florestal. Nosso projeto progrediu para o estágio em larga escala e nossas ambições são mais altas, com a perspectiva de fortalecer a renda familiar através de negócios baseados na floresta. O apoio do FASB é um catalisador para melhorar o meio ambiente e gerar rendimentos sustentáveis. A expansão e a escalabilidade são cruciais porque o meio ambiente precisa de mais pessoas para realizar o trabalho de restauração e respeitar a natureza. Somos gratos pela presença do FASB em nossa região, nos ajudando a construir e realizar nossos sonhos.”
Osmar Bernardo dos Santos, técnico em agroecologia e Presidente da Associação dos Produtores Rurais da Comunidade de Ribeirão e Coordenador do Projeto.
Inspirando-nos a fazer mais
Estes são dois projetos que floresceram sob a encubação e o apoio financeiro do FASB, mostrando o profundo impacto da recuperação ambiental e da agricultura sustentável, tanto na terra quanto na vida das pessoas envolvidas. Colocamos as comunidades locais no centro, apoiando-as a liderar a partir da frente – e os resultados falam por si. Essas abordagens localizadas, simples, mas eficazes, permitem que diversos organizações sociais regionais e locais participem de forma significativa na recuperação das paisagens e na melhoria da qualidade de vida das comunidades.
“O FASB torna possível a participação de várias partes interessadas locais e regionais devido à sua abordagem simples, mas direcionada, melhorando a qualidade de vida das comunidades e promovendo um impacto positivo nas paisagens florestais da região como um todo.”
Márcio Braga, coordenador geral do FASB.
Por fim, o FASB prevê um futuro em que as florestas desenvolvam, as comunidades prosperem e o planeta floresça. A recuperação das florestas pode ser um esforço difícil, mas estas histórias de impacto real inspiram o FASB e seus parceiros a fazerem ainda mais.